por Patricia Suzuki*
O mercado de trabalho se tornou cada vez mais competitivo e, mesmo diante de inúmeras inovações, tecnologias, automatização e otimização de atividades e processos, um dos principais responsáveis pelo crescimento dos negócios continua sendo o capital humano. A habilidade de identificar, desenvolver e reter talentos dentro de uma organização é fator determinante para o fortalecimento da cultura organizacional, já que esses colaboradores se tornam peças-chave na busca de melhorias constantes e essa relação de parceria faz com que a empresa desenvolva um diferencial competitivo.
Os líderes desempenham um papel crucial neste processo. Acessei um dado muito interessante do Panorama Gestão de Pessoas Brasil, constatando que mais de 90% dos profissionais concordam que o desenvolvimento e a retenção de profissionais são de responsabilidade de todos os gestores e não só da área de RH.
Para que essa co-responsabilização seja realmente vivenciada, são necessários alguns passos e o primeiro deles envolve o processo de recrutamento e seleção. É fundamental que as empresas estabeleçam critérios claros e objetivos para selecionar candidatos que possuam as habilidades técnicas necessárias e que estejam alinhados com a cultura e valores da companhia. Ferramentas de avaliação de perfil e entrevistas comportamentais são úteis para entender melhor as características dos candidatos.
Com esses talentos devidamente identificados e contratados, o próximo desafio é desenvolvê-los. Oportunidades de aprendizado contínuo em diferentes modalidades, como workshops, cursos presenciais ou online e programas de mentoria, por exemplo, promovem uma cultura em que os profissionais são estimulados a buscar o aprimoramento de suas habilidades de forma permanente e se manterem atualizados com as tendências do setor. Um ambiente que incentive a aprendizagem prática para que possam aplicar o conhecimento adquirido em situações reais também é importante.
Conversas de carreira devem ser estimuladas para que as aspirações dos colaboradores estejam alinhadas com as necessidades e a estratégia da organização, bem como o estabelecimento de metas de curto e longo prazo, feedback constante e oportunidades para promoções, mudanças de escopo e exposição a desafios mais complexos. Um colaborador que reconhece a empresa como um ambiente propenso ao aprendizado e a movimentos de carreira tende a ser mais engajado, o que pode contribuir significativamente para a redução do turnover.
Os benefícios, por sua vez, também podem ser diferenciais da empresa. Um pacote de benefícios competitivo vai muito além do salário, podendo incluir, não só benefícios previstos por lei, mas programas de qualidade de vida, bem-estar e saúde integral, modelo de trabalho flexível e até mesmo flexibilidade para que o próprio colaborador escolha os benefícios que são mais importantes para ele, bem como recursos para investir com autonomia no seu autodesenvolvimento.
Retenção de talentos: um passo para o sucesso empresarial
A construção de uma cultura organizacional forte e positiva é o alicerce que sustenta todas essas estratégias e faz com que ambos, colaboradores e empresa, se desenvolvam de maneira concreta e eficaz. Empresas que promovem um ambiente de trabalho inclusivo, onde a diversidade de perfis e de ideias é respeitada, criam um senso de pertencimento capaz de aumentar a satisfação e o compromisso do profissional com a companhia.
A liderança precisa estar alinhada ao cenário e às práticas que citei anteriormente. É um processo contínuo, em que a organização deve estar disposta a ouvir e a se adaptar às necessidades de seus colaboradores – e a liderança é um dos canais de escuta mais importantes que existem. Líderes inspiradores, que comunicam uma visão clara, demonstram empatia e assumem suas vulnerabilidades costumam estabelecer relações de confiança com seus times, viabilizando e sustentando o ambiente propício para o desenvolvimento das pessoas, alavancando sua performance e, consequentemente, entregando resultados mais significativos para o negócio.
*Patricia Suzuki é Diretora de Gente & Gestão da Catho.