Iguá mira em ciclo sustentável e transforma resíduo em matéria-prima

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Adubo orgânico, tijolos ecológicos, argila para a produção de cerâmica, manta biodegradável para forragem do solo, seja qual for o resultado, os substratos das Estações de Tratamento de Água (ETAs) e Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) da Iguá Saneamento estão sendo reaproveitados. Em cinco concessionárias do grupo – Agreste Saneamento, Atibaia Saneamento, Spat Saneamento, Iguá Rio e Águas Cuiabá – o reaproveitamento do lodo que sobra das ETEs e ETAs já é realidade, diminuindo o impacto ambiental e encerrando o ciclo da água e do esgoto. Iniciativas que contribuem com as discussões ambientais e dão a merecida visibilidade ao tema, especialmente na semana em que o mundo assiste às celebrações pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, data escolhida pela ONU (Organização das Nações Unidas) por ocasião da Conferência de Estocolmo.

A Iguá tem preocupação com o impacto das suas operações no meio ambiente e tem o objetivo de, até 2025, destinar 75% do lodo produzido em suas operações para a agricultura. Mais do que reduzir custos operacionais com o descarte de material em aterros sanitários, o reaproveitamento do lodo é uma alternativa sustentável que fecha o ciclo dos tratamentos de água e esgoto e ainda contribui com a economia local e a geração de renda”, conta Péricles Weber, COO da Iguá Saneamento.

Protagonistas em melhorar a gestão de seus resíduos, a Águas Cuiabá, utiliza o material produzido a partir do lodo das ETEs da capital mato-grossense que é transformado em fertilizante agrícola de alta qualidade e já aumentou em até 150% a produção leiteira. Em parceria com a Prefeitura Municipal e Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT), o biossólido é doado gratuitamente à agricultores familiares garantindo um solo mais fértil. “O capim ficou maior, as folhas cresceram e ficaram mais verdes, e isso refletiu diretamente na produção do leite. Mais que dobrou a produção. Antes conseguia tirar em média de 8 litros por vaca por dia. E hoje já tiro 20”, comemora Sérgio Barbosa de Souza que, junto com a esposa Rosenei, trabalham na plantação de capim-açu e receberam da Iguá cinco toneladas do biolodo no início de outubro de 2022, a aplicação da matéria orgânica foi feita em uma área de quatro mil metros quadrados. Comprovados pela assistência técnica, os benefícios da utilização do biolodo são endossados por especialistas da área. O engenheiro agrônomo e consultor técnico Benno Doetzer, explica que o insumo é aliado do aumento da produtividade por sua composição. “O lodo funciona como um condicionador de solo. É rico em nutrientes como o nitrogênio e em matéria orgânica, o que propicia o desenvolvimento da planta. No processo de tratamento do lodo, o insumo ganha outro importante componente, o calcário, que ajuda a corrigir a acidez do solo. A união dessas características resulta em uma produção maior e melhor, reduzindo os custos com adubos químicos”, atesta ele. 

Responsável pelo abastecimento de 10 municípios da região agreste de Alagoas desde 2018, a Agreste Saneamento, também destina os resíduos das ETAs de forma sustentável. Após o tratamento com a retenção de resíduos resultantes dos processos físicos e químicos, o lodo vira matéria-prima e é destinado para as cerâmicas, para a produção de tijolos ecológicos. Empresas licenciadas parceiras da concessionária já produziram milhares de tijolos, amplamente aplicados na construção civil.  Além dos tijolos, as mantas biodegradáveis (geobags) responsáveis pelo processo de secagem do resíduo também são reaproveitadas. Por meio da parceria com a Secretaria da Agricultura de Arapiraca, elas são doadas, junto com as indicações de uso a produtores rurais e, podem ser utilizadas para forragem do solo, técnica conhecida como “mulching“, que possibilita otimizar o trabalho do produtor, diminuindo custos e gerando até 40% de economia de água. Ideais para locais de clima semiárido, as mantas também são usadas na agricultura para o cultivo de hortaliças folhosas. “A manta faz o papel de um herbicida natural, evitando o crescimento de ervas daninhas. Com isso melhoro a qualidade do produto”, explica Márcio Roberto dos Santos, produtor rural em Arapiraca e técnico agrícola com especialização em ecologia. Márcio cita ainda outras funções da manta: “Elas também servem para proteger os ovino-caprinos de doenças oriundas do solo, auxiliam em canais de drenagem e na proteção de silos de armazenamento da entrada de água, ar e, consequentemente, evitam a contaminação dos alimentos”. O projeto Agreste Rural teve destaque com a conquista do Troféu Prêmio Impactos Positivos 2022 e mais de 4 revistas científicas já publicaram estudos sobre os benefícios da utilização da manta no solo semiárido de Alagoas.

Já na Atibaia Saneamento, desde 2019, a concessionária Iguá no interior de São Paulo reaproveita 100% das 40 toneladas/mês de lodo gerado nas ETEs. O material é encaminhado para uma organização parceira da companhia, responsável pela compostagem e produção do adubo orgânico. A utilização do fertilizante apresenta ganhos significativos para o produtor rural, gerando uma economia de até 50%, se comparada com a compra de adubo sintético. No ano passado, a unidade recebeu o certificado de indicadores de valorização e transformação de resíduos da Tera Ambiental, em reconhecimento a contribuição de 446 toneladas de lodo destinados para a compostagem, que resultaram em 172 toneladas de fertilizantes agrícolas e de paisagismo.

Ainda no estado de São Paulo, a Spat Saneamento, responsável por oferecer tratamento de água para cerca de 4 milhões de pessoas na região do Alto Tietê, controlada pela Iguá e com a Parceria Público-Privada (PPP) com a Sabesp, desenvolveu na ETA Taiçupeba o primeiro secador térmico para lodo de água do país, obtido a partir de biomassa. De acordo com COO da Iguá Saneamento, a ideia representa uma inovação no setor e otimizou tempo e espaço. “Em 2018, o projeto foi premiado no 2º Seminário de Inovações e Boas Práticas da Iguá e de lá para cá recebeu investimentos significativos que possibilitaram o aumento da capacidade técnica de secagem do lodo gerado pela própria ETA. Hoje, são tratados em média 35.000 m³ de lodo mensalmente, sendo que todo esse lodo é desaguado na operação e processado pelo secador térmico gerando em média aproximadamente 800 toneladas de massa seca por mês, um dos maiores volumes do mundo”, explica Weber. Além de utilizar o cavaco de madeira reciclado, fonte de energia renovável, o sistema possui capacidade para processar 6.800 kg de lodo por hora. A concessionária já está realizando a análise para a melhor opção de uso do lodo seco.

No Rio de Janeiro, a Iguá Rio também realiza a produção de adubo sustentável, com cerca de 300 toneladas/mês de lodo para a compostagem, gerando 90 toneladas que se transformam em adubo orgânico na Organosolo, empresa que possui como principais clientes os produtores rurais dos estados do Rio, Espírito Santo e Minas Gerais.

Iniciativas como estas mostram que a Iguá está construindo um novo cenário no setor de saneamento. No ano passado, foram cerca de R$ 600 milhões investidos no tratamento de água e esgoto, com a estimativa de ultrapassar o valor de investimento neste ano. “A destinação do lodo é a forma mais sustentável de concluir o processo de tratamento de água e esgoto. As ações são imprescindíveis para contribuir com a economia local, geração de renda e impacto ambiental”, conclui Péricles Weber, COO da Iguá Saneamento.