Finanças Verdes: Como a tecnológica financeira atua no desenvolvimento sustentável?

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*Por Rogerio Melfi

A convergência entre tecnologia e sustentabilidade tem se tornado uma tendência cada vez mais latente para superar os desafios do desenvolvimento no mercado de finanças verdes. À medida que avançamos para uma economia mais verde, conforme estipulado pelo Acordo de Paris e pela Agenda 2030, surgem demandas por investimentos significativos. Iniciativas dentro da agenda BC# – que compreende inclusão, competitividade, transparência, educação e sustentabilidade, visando a democratização financeira – destacam a necessidade de um mercado mais estruturado, seguro, transparente e atento aos riscos socioambientais e climáticos.

Além da promoção de finanças sustentáveis, agenda BC# enfatiza ainda a integração de variáveis sustentáveis nos processos decisórios, incluindo o gerenciamento eficaz dos riscos socioambientais e climáticos no Sistema Financeiro Nacional e o avanço de práticas que fortalecem a conexão entre sustentabilidade e produtividade.

Regulações como as promovidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil e a Taxonomia para Finanças Sustentáveis da União Europeia, desempenham um papel crucial, ao exigir que as instituições financeiras operem de forma transparente e responsável. Essas diretrizes não só reforçam a confiança dos investidores como também incentivam as empresas a intensificar suas práticas sustentáveis.

Este movimento reflete o amadurecimento da sociedade em questões ambientais, marcado por iniciativas como a demanda por energia limpa, agricultura sustentável e produção de alimentos respeitosa ao meio ambiente. Tais práticas reduzem desperdícios, desenvolvem processos mais eficientes, aumentam a produtividade, reduzem custos a longo prazo e fortalecem a força de trabalho através de maior capacitação e engajamento.

No panorama tecnológico atual, as Finanças Digitais Sustentáveis emergem como uma solução inovadora, impulsionada pelas tecnologias pioneiras da Quarta Revolução Industrial — como Blockchain, Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA) e Big Data. Essas ferramentas são essenciais para a digitalização de informações sobre sustentabilidade e, ao integrar esses dados aos serviços financeiros existentes, elas transformam o mercado, atraindo uma gama mais ampla de investidores e incentivando práticas mais responsáveis.

Empresas que utilizam tecnologia para oferecer serviços financeiros estão liderando essa transformação com a utilização de IA e Big Data para criar serviços altamente personalizados que não apenas satisfazem as necessidades específicas dos clientes, mas também encorajam a adoção de práticas sustentáveis. Neste sentido, a colaboração estratégica entre essas fintechs, bancos tradicionais e órgãos reguladores é crucial, pois, juntos, eles desenvolvem soluções inovadoras – como green bonds e sustainable-linked bonds – que não só melhoram a eficiência e transparência das finanças verdes, mas também atraem investidores comprometidos com a sustentabilidade.

É importante reforçar que as decisões que tomamos no campo das finanças têm impactos duradouros. Por isso, investir em finanças verdes não é apenas uma escolha ética, mas uma estratégia vital para garantir a sustentabilidade e a viabilidade econômica futura. Cada ação voltada para a sustentabilidade reforça um compromisso com um planeta mais saudável, assim como uma maçã pode ajudar a manter a saúde física.

Esta integração de tecnologias com o setor financeiro está promovendo uma transição para uma economia global mais verde, realçando a importância das políticas regulatórias e das inovações tecnológicas no fortalecimento das finanças sustentáveis.

*Rogerio Melfi é membro da curadoria da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs)