O Energy Future, maior hub de inovação aberta do setor elétrico do país, acaba de lançar um relatório que aborda tendências e desafios relacionados ao ESG (Ambiental, Social e Governança) no setor elétrico brasileiro. O documento traz uma análise das complexidades desta agenda, ao mesmo tempo em que revela propostas inovadoras apresentadas durante o 3º Ciclo de Inovação do Energy Future.
O relatório examina as principais barreiras e desafios para que o setor elétrico possa liderar, de maneira sólida e abrangente, a transição energética, aproveitando todas as oportunidades que esse caminho inovador pode proporcionar. O documento também apresenta dados de pesquisa inédita realizada com empresas do setor elétrico brasileiro que revelam um movimento promissor em direção a práticas mais sustentáveis e uma crescente adoção do ESG como parte integrante das estratégias empresariais. O estudo mostra que não falta capital para o desenvolvimento de soluções relacionadas ao ESG: 62% das empresas ouvidas pretendem investir mais de R$ 10 milhões em soluções nos próximos três anos.
“Não falta dinheiro. Faltam propostas bem estruturadas que resolvam problemas reais e relevantes. E, para isso, lançamos, no ano passado, uma Chamada Setorial de ESG em torno dos temas mapeados e priorizados junto a nossos parceiros”, comenta Luiz Felipe Pamplona, Cofundador e COO do Energy Future.
Durante a Chamada Setorial, foram definidos quatro desafios que não apenas endereçam problemas e dores reais e relevantes no momento de hoje, mas que pavimentam jornadas de estruturação do setor elétrico brasileiro em ESG.
Foram recebidas 41 propostas para quatro desafios prioritários: valoração de impactos do ESG no valuation; relacionamento massificado com stakeholders; economia circular para o setor elétrico; e a descarbonização da cadeia de valor nacional.
Para o primeiro desafio, a chamada buscou soluções que tornam a integração de métricas ESG mais eficiente nas estratégias e operações do setor elétrico, facilitando a compreensão dos riscos, acelerando o retorno sobre o investimento (ROI) e permitindo uma associação mais clara entre as práticas ESG e o valuation de novos investimentos. Das sete propostas finalistas, apenas duas se destacaram. A da Verum Partners, com a Rating ESG para novos investimentos, e a Escalab, com a Metodologia de Avaliação de ROI e Valuation Empresarial considerando os impactos das ações de ESG.
O segundo desafio reuniu soluções que unem tecnologia e metodologias sociais, a fim de priorizar um relacionamento ativo e transparente com os stakeholders e as empresas do setor elétrico brasileiro, facilitando a identificação de áreas de melhoria, implementação de práticas sustentáveis e fortalecimento da sua posição no mercado de maneira sólida, competitiva e responsável. Destaque para proposta da startup PiniOn, com o projeto Engajamento, Pesquisa e Informações de Comunidades.
Já o terceiro desafio buscou soluções inovadoras para a redução da extração de matéria-prima e o reaproveitamento de materiais dos setores de geração e armazenamento de energia, aprimorando conjuntamente o desenvolvimento social e a governança corporativa no setor elétrico. Quatro propostas chegaram à final, e apenas uma foi destaque: a da LOGTRONIC Tecnology, sobre Painéis Solares Fotovoltaicos limpos sem água.
E, por último, o quarto desafio buscou soluções inovadoras, eficientes e confiáveis que superem os obstáculos para a eletrificação da economia nacional, com um cauteloso olhar para o setor de transporte brasileiro. Para esse, seis propostas foram finalistas, com dois destaques. A Volt Robotics propôs um Sistema de tarifação dinâmica e inteligente para a recarga de veículos elétricos, e o Instituto Senai de Tecnologia, com a Plataforma de simulação de cenários de veículos elétricos e híbridos para o aumento da adoção.
ESG na prática
Atualmente, algumas empresas participantes da pesquisa e do Ciclo do Energy Future, entre elas Cemig, Grupo Energisa, Eletrobras, CTG Brasil, SPIC Brasil e Accenture, já se destacam no setor elétrico por serem cases de sucesso em projetos voltados para ESG.
Na questão das práticas ambientais, a Cemig tem sido pioneira na área de inovação, destacando-se no campo da energia solar fotovoltaica. As usinas fotovoltaicas flutuantes representam uma revolução no setor: ao aproveitar corpos d’água, como reservatórios de hidrelétricas, essas usinas otimizam o uso do espaço e, ainda, se beneficiam do resfriamento natural proporcionado pela água, aumentando a eficiência dos painéis solares.
No campo social, a CTG Brasil, em parceria com o Instituto Meio, desenvolveu o programa Usina de Negócios e investiu R$2,4 milhões de recursos próprios para impulsionar o desenvolvimento socioeconômico, empreendedorismo e o aumento na geração de renda com acompanhamento direto da profissionalização e da adoção de boas práticas dos grupos envolvidos nas regiões da Usina Hidrelétrica Jurumirim, no Rio Paranapanema, e da Usina Hidrelétrica Garibaldi, no Rio Canoas, e na região de Arinos, em Minas Gerais.
Há grande foco nos projetos de transição energética e tecnologias de hardware, porém não se vê muitas soluções de tecnologia da informação sendo aplicadas para monitoramento do desempenho ESG das empresas, principalmente no eixo G da agenda. De acordo com estudo da Accenture, chamado “Uniting Technology and Sustainability”, há um desalinhamento entre as estratégias de sustentabilidade e tecnologia adotadas pelas empresas. Apenas 7% das respondentes afirmam ter essas estratégias alinhadas, o que é preocupante dada a necessidade de uma abordagem integrada para impulsionar a transição para uma economia mais verde.
A pesquisa fornece um roteiro para enfrentar os desafios e capitalizar as oportunidades. O setor elétrico brasileiro deve liderar não apenas a produção de energia sustentável, mas também a integração de estratégias tecnológicas, governança e de sustentabilidade, gerando informação tempestiva, de qualidade e capaz de direcionar a estratégia corporativa com a sustentabilidade no centro das decisões.
Por fim, o relatório da Energy Future enfatiza a importância crucial da integração dos princípios ESG no setor elétrico brasileiro, não apenas para garantir a sustentabilidade dos negócios, mas também para promover um futuro mais justo, resiliente e responsável para todos. “Trabalhando juntas, as empresas do setor elétrico podem não só acelerar as mudanças no setor, mas também protagonizar a transformação do potencial brasileiro na liderança global na transição energética”, finaliza Pamplona.