Resiliência na era das fake news: protegendo a credibilidade corporativa em meio à desinformação

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Por Patrícia B. Teixeira*

Informações falsas e sua disseminação se tornaram o risco global numa um, segundo o Global Risk Report 2024 do World Economic Forum. O desafio é que a batalha contra a propagação de informações falsas demanda uma abordagem abrangente e sofisticada, especialmente quando consideramos os graves prejuízos que podem ser infligidos à reputação de empresas e líderes corporativos. Num ambiente globalizado e altamente conectado, mensagens distorcidas ganham uma dimensão exponencial, disseminando-se rapidamente entre a população, que muitas vezes as aceita como verdades incontestáveis. Além disso, importante frisar que hoje o mundo é movido por informação, e tal informação estratégica move o mercado de capitais.

Outro dado relevante é que atualmente, com a marca de 82% dos usuários mantendo alguma forma de interação com marcas no Instagram, torna-se imperativo o gerenciamento efetivo de crises nas redes sociais. Essa constatação se baseia em dados revelados por uma pesquisa realizada pela Opinion Box, a qual também destacou o papel essencial da plataforma no processo de decisão de compra: 64% dos entrevistados admitiram já ter adquirido produtos ou serviços após encontrá-los no Instagram.

Além do aumento significativo do número de usuários, as redes sociais possuem uma característica intrínseca de rapidez, o que impulsiona a propagação de notícias e opiniões em tempo real, ampliando exponencialmente seu potencial de alcance. Dentro desse contexto, as mídias sociais emergem como um dos principais canais de interação com o consumidor, constituindo também um espaço cada vez mais relevante para estratégias de marketing digital.

Quando confrontados com a realidade de que a maioria dos brasileiros possui dificuldade em discernir informações falsas das verdadeiras, os perigos tornam-se evidentes, destacando a urgência na adoção de medidas para combater a desinformação.

No âmbito empresarial, torna-se crucial que as organizações e seus dirigentes reconheçam a necessidade de redobrar a cautela, uma vez que a disseminação de notícias falsas relacionadas à empresa pode acarretar danos devastadores e, muitas vezes, irreparáveis, caso não sejam controladas por meio de planos de gerenciamento de crises e respostas ágeis.

Diante desse cenário desafiador, a abordagem mais eficaz consiste em buscar o apoio de profissionais qualificados, capazes de elaborar estratégias precisas para a contenção e gerenciamento de crises. O enfrentamento da desinformação não é uma tarefa trivial; requer metodologia e o respaldo de ferramentas tecnológicas para amplificar o alcance dessas estratégias e alcançar os melhores resultados possíveis. Ademais, as empresas devem contar com a assistência e a expertise de uma equipe dedicada de especialistas em comunicação.

Dessa forma, ao definir um plano de gestão de crises, a marca se prepara para lidar com problemas internos e externos de forma mais ágil, eficiente e assertiva. Um planejamento pode ser a chave na prevenção de crises e na mitigação dos impactos negativos trazidos por elas. Até porque, tão importante quanto construir um posicionamento de marca consistente, é mantê-lo ao longo dos anos. E uma crise pode prejudicar o brand awareness conquistado até aquele momento.

Portanto, é imprescindível manter-se constantemente vigilante e monitorar de perto a cobertura midiática relacionada à empresa, assim como os temas pertinentes ao seu campo de atuação. O monitoramento contínuo, análises criteriosas, planejamento estratégico de comunicação e planos predefinidos de contenção de crises são elementos indispensáveis no contexto atual, onde a desinformação se propaga com rapidez. Ao adotar essas práticas, as empresas podem proteger proativamente sua reputação e preservar a confiança do público.

*Por Patrícia B. Teixeira, especialista em gestão de crise da WePlanBefore e autora do livro “Caiu na rede. E agora?: Gestão de crises nas redes sociais”