Um estudo inédito da CCS Brasil, organização sem fins lucrativos que visa estimular as atividades ligadas à Captura e Armazenamento de Carbono no país, aponta que os projetos de CCS no Brasil podem, em um cenário conservador, gerar receitas próximas a US$14 bilhões por ano, considerando o valor de US$70 por tonelada de CO2 como preço do crédito de carbono e o potencial de aplicação de CCS no país. Os dados fazem parte do 1º Relatório Anual de CCS no Brasil, que foi divulgado nessa terça-feira (16), em uma live no canal EPBR.
“A adoção de tecnologias de CCS pode ser uma importante alternativa de descarbonização para as empresas que buscam reduzir suas emissões atmosféricas de CO2 e, ao mesmo tempo, se beneficiar da venda de créditos de carbono. Projetos de CCS podem gerar receitas significativas para as fontes emissoras que adotam essa tecnologia, dependendo do preço do crédito de carbono e do volume de emissões evitadas”, explica Nathalia Weber, engenheira e cofundadora da CCS Brasil.
A especialista detalha que, em um cenário um pouco mais otimista, em que o preço do crédito de carbono pode chegar a US$100 por tonelada de CO2, as receitas podem alcançar um valor próximo de US$20 bilhões anuais. Além disso, em relação aos projetos de CCS vinculados à produção de bioenergia (BECCS), o potencial está entre US$2,7 bilhões e US$3,8 bilhões por ano. Esses valores não consideram o potencial para emissões líquidas negativas, resultantes da aplicação de tecnologias de CDR (Remoção de Dióxido de Carbono, na sigla em inglês), que inclui BECCS.
Os cálculos são feitos com base no potencial de captura que o Brasil pode ter anualmente, de captura de cerca de 200 milhões de toneladas de CO2 e que considera os potenciais de CCS em diversos setores produtivos brasileiros.
Nathália ressalta, porém, que ainda há um caminho para que os projetos de CCS possam ser elegíveis para créditos de carbono. “É necessário que as metodologias de certificação de redução de emissões sejam atualizadas e considerem as tecnologias de CCS como elegíveis. Isso ainda faz parte do debate em vigor com as entidades certificadoras de créditos de carbono e sobre políticas de incentivos à redução de emissões”, afirma.
Confira o relatório na íntegra aqui.